Pr. Ivaldo Ribeiro Rocha
INTRODUÇÃO: Uma Nação bem aventurada precisa de igrejas bem aventuras lideradas por homens de Deus.
1. Deus precisa ser o Senhor da nação para que ela seja bem aventurada
Dizem que a nossa nação brasileira está se tornando-se evangélica. Mas será que ela está se tornando uma nação apenas evangélica? Ou será que ela está se tornando uma nação bem aventurado no Senhor?
Apesar de eu não dar muito valor a esse tipo de nomenclatura (liberal,conservador, eclético) poderei ser considerado por muitos como um conservador. Conservador em quê? Nas doutrinas, nos princípios, nos valores da minha crença etc. E talvez seja por isso que eu não aprecie esses chavões do momento religioso atual, tipo: “eu determino”, “o Brasil é do Senhor Jesus”, “tome posse”. E isso não tem nada haver em não se crer na força e no poder do nosso Deus. Eu creio em Deus e creio em milagres! Mas não creio em mágicas e não sou um mágico! Aliás, percebo que a própria Bíblia também não ensina mágica. Muito pelo contrário: condena-a. Mas infelizmente o Brasil evangélico dos dias atuais está caminhando para esse tipo de misticismo. O misticismo que espera soluções mágicas para um povo que não quer compromisso com a verdade. Um misticismo que manda o povo fazer correntes, marchar, pular, gritar, decretar, pedir a sua vitória mediante a derrota do outro... amarrar satanás etc!. Eu simplesmente não creio nisso! E não creio que deve ser assim o futuro de uma nação bem aventurada cujo Deus é o Senhor!
2. Um nação bem aventurada necessita de uma Igreja madura cujo Deus é o Senhor.
Nós não podemos querer associar a possibilidade de se ter uma nação bem aventurada enquanto contarmos com uma igreja infantil, imatura cujo misticismo antiético dominar a crença do seu povo.
A felicidade da nação deve partir da compreensão ética, do compromisso com valores e princípios sólidos que nos impulsionam para a justiça, para a busca incessante da verdade e o amor ao próximo. É vergonhoso ver igrejas brigando na mídia por espaço e tentando destruir a outra, tentando provar quem a mais poderosa: quem é de Deus e quem é de Satanás. É vergonhoso ver crentes que não se falam, que levantam falso testemunho, que não pagam suas contam e que contraem cada vez mais compromissos(sem poder honrá-los), que usam suas bocas para a maledicência. E que ainda assim, se colocam pessoas ungidas e abençoadas e acreditam que Deus tem a obrigação de fazer os seus gostos, satisfazer os seus caprichos mais espúrios. Mas é infelizmente isso tem se tornado cada vez mais freqüente no contexto de muitas igrejas.
3. Uma nação bem aventurada necessita de homens e mulheres de Deus... Necessita de Igrejas e Pastores de Deus.
Há Igrejas analisando currículos de possíveis candidatos ao ministério, onde a preocupação principal é saber quais os títulos que o pretenso candidato possui. Se deixam levar apenas pela capacidade de oratória e pela eloqüência do homem, sem, no entanto, se preocupar com a essência do seu caráter. E geralmente essas igrejas vivem envolvidas em problemas e mais problemas. Mas está provado que igrejas abençoadas e bem aventuradas nem sempre tem homens eloqüentes e cheios de títulos. Mas são Igrejas que valorizam as orientações de um líder que pode até ter títulos, mas priorizam o chamado de alguém que traz nas suas credenciais o caráter de homem de Deus!
4. Uma Igreja bem aventurada é aquela, conduzida por homens de Deus cuja vida contribui para o crescimento do outro.
“Samuel foi o último dos juízes e o primeiro dos profetas. Era homem de profunda piedade e discernimento espiritual, inteiramente dedicado à realização dos propósitos de Deus referentes a Israel (...) Foi chamado para guiar a Israel em algumas das maiores crises de sua história, e chega quase à estatura do próprio Moisés. Sem qualquer vontade de sua parte, viu-se no papel de ‘fabricante de reis’, pois foi comissionado a ungir a Saul, o primeiro rei, então a Davi, o maior dos reis de Israel”. 1
É justamente desse tipo de perfil que precisamos hoje... perfil de um homem de Deus.
(Este ponto se baseia em: “O perfil de um homem de Deus” de autoria de Adalberto Alves de Sousa)
1. Chamada — Ninguém pode se apresentar onde quer que seja como homem de Deus a não ser que tenha sido chamado. E quem chama é o próprio Deus: “Rogai, pois ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9.38). Foi assim com Abraão: “Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gênesis 12.1); foi assim com Moisés: ”Agora, pois, vem e eu te enviarei a Faraó, para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel” (Êxodo 3.10); foi assim com Paulo: “mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer” (Atos 9.6). O homem de Deus tem uma inequívoca chamada de Deus: ”Samuel! Samuel! Ao que respondeu Samuel: Fala, porque o teu servo ouve” (1Samuel 3.10). Você se lembra do dia em que Deus o chamou?
2. Preparo — Quando Deus chama alguém para uma tarefa específica na sua seara, Ele mesmo provê o preparo necessário. Às vezes, antes da própria chamada, como ocorreu com Moisés (na casa de Faraó), com Paulo (aos pés de Gamaliel). O homem de Deus precisa de preparo, e na vida de Samuel percebemos esse traço bem delineado: “Samuel, porém, ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino...” (1Samuel 2.18); “Entrementes, o menino Samuel crescia diante do Senhor, como também diante dos homens” (1Samuel 2.26). É interessante notar que Lucas, ao descrever o crescimento de Jesus, praticamente copia este último verso (cf. Lucas 2.52). O preparo de Samuel foi integral: compreendeu teoria e prática. E o seu preparo, como tem sido?
3. Trabalho — Este traço na vida de Samuel extrapola o seu tempo: “Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida. De ano em ano rodeava por Betel, Gilbal e Mizpá, julgando a Israel em todos esses lugares. Depois voltava a Ramá, onde estava a sua casa, e ali julgava a Israel; e edificou ali um altar ao Senhor” (1Samuel 7.15-17). Nestes tempos de ativismo é bom prestar atenção a essas palavras. O texto deixa claro que Samuel, embora trabalhasse todos os dias, era um homem organizado. Seu trabalho submetia-se a um planejamento anual. Será que temos conseguido planejar nosso trabalho pelo menos pra uma semana? O homem de Deus precisa ser devotado ao trabalho: “Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar” (Josué 9.4).
4. Fé — O quarto traço que pretendo avivar neste perfil do homem de Deus é a fé. Sem fé a chamada perde todo o seu sentido; sem fé, o preparo é incompleto; sem fé, o trabalho é infrutífero: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11.6). O homem de Deus precisar ser, necessariamente, um homem de fé. Samuel o foi. A casa de Israel estava afastada de Deus e entregue a toda a sorte de idolatria. Os filisteus eram ameaça iminente. Diante dessa situação caótica Samuel reúne o povo para dizer que a esperança está em Deus. Começa com uma condição: “Se de todo o vosso coração voltais para o Senhor” e conclui com uma promessa: “ele vos livrará da mão dos filisteus” (1Samuel 7.3). O povo aceitou o desafio, voltou-se para Deus, confessando seu pecado e livrando-se dos ídolos. O inimigo veio com toda a sua fúria, enquanto o povo mais se aproximava de Samuel: “Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus por nós para que nos livre da mão dos filisteus (1Samuel 7.9). Indiferente ao ataque do inimigo, Samuel ofereceu um cordeiro em holocausto, clamou ao Senhor, e o Senhor honrou a sua fé: “Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegavam para pelejar contra Israel; mas o Senhor trovejou naquele dia com grande estrondo sobre os filisteus, e os aterrou; de modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel” (1Samuel 7.10). O homem de Deus precisa não somente de fé; é necessário que ele viva a sua fé, diante do povo.
5. Transparência — Mais do que em qualquer outra época o ministério precisa de transparência. Vivemos numa época de golpes, de falcatruas; estamos no tempo em que a lei é levar vantagem em tudo. Nunca a figura do pastor foi tão aviltada, até porque está muito difícil estabelecer a diferença que existe entre pastor e pastor. Na vida de Samuel o texto fala por si só: “Eis-me aqui! Testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido. De quem tomei o boi? ou de quem tomei o jumento? ou a quem defraudei? ou a quem tenho oprimido? ou da mão de Deus tenho recebido suborno para encobrir com ele os meus olhos? E eu vo-lo restituirei. Responderam eles: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguém. Ele lhes disse: O senhor é testemunha contra vós, e o seu ungido é hoje testemunha de que nada tendes achado na minha mão. Ao que respondeu o povo: Ele é testemunha” (1Samuel 12.3-5). A vida do homem de Deus deve ser marcada pela transparência: ampla; geral; irrestrita.
6. Amor — Na composição do perfil de um homem de Deus, sem dúvida, o amor é um traço de todo indispensável. Aliás, o traço do amor, de tão importante que é, não sobressai, justamente porque, estando presente em todos os demais, confunde-se com eles. A vida de um homem de Deus é uma vida de amor. Assim é que, na vida de Samuel, não vou destacar um momento caracterizado pelo amor. A sua vida inteira foi uma vida permeada pelo amor. “Samuel julgou a Israel todos os dias da sua vida” (1Samuel 7.15). Se você quer ser um verdadeiro homem de Deus, comece por amar o povo.
7. Humildade — Para completar este perfil em que estamos trabalhando, vamos pinçar o sétimo e último traço, característico da vida de Samuel — a humildade. Se o homem aceita o desafio da chamada, adquire o preparo necessário e se dedica ao trabalho com fé, transparência e amor, com certeza Deus vai atuar grandemente em seu ministério, e é aí que ele vai ter que demonstrar toda a sua humildade. Embora seja tentado, a cada momento, a achar que é ele quem está realizando uma grande obra, não pode perder de vista o fato de que é Deus quem realiza, através da sua instrumentalidade. Se porventura há honra, glória, louvor, tudo deve ser dirigido única e exclusivamente a Deus. A postura do homem de Deus é aquela recomendada pelo Mestre: “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somo servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer” (Lucas 17.10). Foi a atitude de Samuel. Embora a sua atuação tenha sido decisiva na derrota dos filisteus, ele fez questão de deixar bem claro para o povo que todo o mérito pertencia ao Senhor. “Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: “Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Samuel 7.12).
Você é um homem de Deus? Como está hoje o seu perfil? A minha oração neste seu dia é que o povo tenha condição de dizer a seu respeito: “Eis que há nesta cidade um homem de Deus, e ele é muito considerado; tudo quanto diz, sucede infalivelmente. Vamos, pois, até lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir” (1Samuel 9.6).
Conclusão: Nós precisamos homens assim...nós precisamos de igrejas assim. Aí então seremos bem aventurados e teremos uma nação bem aventurada, cujo Deus é o Senhor. Amém! Pr. Ivaldo Ribeiro Rocha